Algo todas Blacks não vivem sem seu maravilhoso quebra galho “pente garfo”, seu objetivo embelezar nossas madeixas é na cabeça que se concentra a nossa atenção imediata quando olhamos para alguém. Vamos conhecer agora historia do Pente Garfo.
Tão natural que o nome do instrumento utilizado para esse efeito – “pente” – deriva de uma palavra latina, – “pecten” – que inicialmente nada tinha a ver com o objecto que hoje instintivamente usamos para nos embelezarmos.
Essa palavra era apenas o nome de um molusco marinho cuja concha possuía umas saliências muito parecidas aos dentes dos pentes. Aliás era mesmo com essas conchas que, inicialmente, as pessoas tentavam alisar os seus cabelos.
O núcleo do Museu Fitzwilliam apresenta a história cronológica deste objecto, iniciando o percurso expositivo com objetos que nos remetem para mais de 6000 anos AC no Egito (Kemet). Os pentes encontrados deste período, são na sua maioria ornamentados com figuras animais, salvo em algum casos, que contêm representações de figuras humanas, provavelmente deuses, como é o caso do pente representa Tawaret, a deusa da bondade.
A justaposição simbólica entre dois pentes com diferença temporal de mais de 5000 anos: um pente de plástico dos anos setenta, desenhado pela Antonio Inc., e um pente em osso pertencente à Dinastia do Alto Egito. Ambos encerram em si o mesmo significado icónico. O primeiro, o ethos do Movimento de Direitos Civis, ergue um punho cerrado e o símbolo da paz, ao passo que o segundo é ornamentado com um pare de chifres de touro, mas ambos são representações ou símbolos de poder e status.
A exposição Afro Comb, no Museu Fitzwilliam, da Universidade de Cambridge (Inglaterra), tem como objetivo traçar a história e o significado do pente de cabelo africano durante um período de 5.500 anos na África, por meio de sua re-emergência entre a diáspora nas Américas, Grã-Bretanha e no Caribe.
Na África os penteados sempre foram carregados de grande simbologia. Os penteados indicavam: status, estado civil, identidade étnica, região geográfica, religião, classe social, status dentro da própria comunidade e até detalhes sobre a vida pessoal do indivíduo.
Como referência ao período colonial, posso destacar a história dos quilombos de Accompong na Jamaica narrada através da uma instalação constituída por dez pentes de alumínio, idealizada por Russell Newell em 2013. O termo “Maroon” provém da língua espanhola, que significa cimarrón, uma das muitas palavras pejorativas usadas pelos europeus para rotular os povos africanos.
Durante a Idade Média utilizou-se também pentes feitos de chumbo que tinham a capacidade de escurecer e disfarçar a cor dos cabelos ruivos. Na época áurea de luxúria do reinado de Luís XIV, o Rei-Sol, este mandou fabricar pentes em ouro e prata maciços cravejados de pedras preciosas para controlar o penteado do seu abundante cabelo.
De artigo de luxo até instrumento de beleza mundano, o pente ganhou um espaço único em todos os lados da nossa sociedade, sendo quase impossível conhecer uma única pessoa que não tenha um ou que nunca tenha usado um.
No último espaço expositivo no Museu Fitzwilliam, é simultaneamente narrada a história e importância simbólica do pente e penteado ‘afro’, quer durante o período colonial quer na atual Diáspora Africana. Esta ultima surge durante os anos 50, ganhando um tremenda visibilidade quando as artistas Miriam Makeba ou Nina Simone passam a adaptar este estilo de penteados publicamente, como um símbolo de orgulho da sua própria identidade cultural. Posteriormente, durante os anos 60 e 70, quando ocorrem os movimentos Direitos Civis dos Negros ou o movimento Black Power, este estilo de penteado “afro” torna-se popular por entre as comunidades da diáspora africana, expressando o conceito ‘Black is Beautiful’. Durante este período são criadas uma variedade de diferentes tipos de pentes, sendo o mais icônico, um pente ornamentado com um punho cerrado idealizado por Anthony Romani em 1972, simbolizando o gesto de saudação do Black Power.

via :caracoismeus